segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Como será o meu futuro?

A cada dia que passa apercebo-me que perdi tudo. Não tenho nada. Falta-me tudo. Como eu estava e como eu fiquei. É incrível como as coisas podem mudar de um momento para o outro. E ainda nós pensamos que só acontece aos outros, mentira. Nunca pensei ficar como vim a ficar, nunca passou pela cabeça ter que vir a recorrer a instituições para ter o que comer, nunca pensei vir a ter alguém próximo de mim preso, neste caso, como da família, nunca pensei um dia vir a ser despejada de casa, sem saber por onde ir, quase a ficar sem um teto para ficar. No entanto nem parece, as aparências enganam. Muita gente mal sabe como é a minha situação. Boas aparências na vida real, boas aparências no virtual? Do que é que isso vale? Nada. Não diz nada sobre ninguém.
O meu pai… Esse é outro. Não quer saber de mim, a única coisa que se limita a fazer é a carregar-me o telemóvel quando lhe peço. Não sabia ao certo quando fazia anos, teve que ser a companheira dele a dizer-lhe. Antes ainda perguntava como é que estava, e se precisasse de alguma coisa, para dizer. Já não me pergunta nada disso… Já não me diz nada, talvez há mais de meio ano, acho que a única vez que me disse alguma coisa, foi no meu aniversário, e mesmo assim, foi só para desejar os parabéns. Agora que realmente preciso dele, não me diz nada. Realmente pai não é aquele que faz, é aquele que cria, mas até esse me tiraram. Sou só eu e a minha mãe, a lutar pela vida. Às vezes só me apetece acabar com este sofrimento.
Ainda à uns dias, estive a falar com a minha mãe…estivemos a falar sobre o meu pai, e eu disse-lhe, com ele era tudo mais fácil, queria comprar qualquer coisa e o preço nunca era um obstáculo, naquela altura, eu sabia lá bem o que é que eram marcas, nem avaliar preços sabia, mas agora que sei o que é, e sei avaliar, ele comprava-me coisas tão caras, e nunca me disse “Jessica, o pai não pode comprar isso, é muito caro”, algum dia hoje posso comprar um casaco de 60€? Nunca, só nos sonhos mesmo, e até aí é difícil. Mas acho que essa era a única coisa boa nele, porque nunca me faltou nada, é verdade, eu precisava de alguma coisa, ele dava-me, custasse o que custasse, preço nunca foi obstáculo. Mas faltava o carinho, foram poucas as vezes que ele me deu um beijinho, nunca esteve orgulhoso de mim, nunca perguntou como é que a escola correu, nunca disse que gostava de mim ou que me amava, nunca foi realmente um pai. É claro que o meu padrasto nunca me pode dar aquilo que o meu pai me dava na altura, mas conseguia ser mais pai que o meu próprio pai.
As pessoas deviam de dar mais valor àquilo que têm e reclamar menos, a sério, deviam pensar que podiam estar pior, eu antes queixava-me, mal sabia eu o que o futuro me esperava. A minha pergunta agora é: Será que o futuro vai ser mais bondoso para mim do que tem sido nos últimos tempos? Tenho medo do que vem por aí. Para 16 anos, já passei demasiado.

07-11-2013         14:44

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